Meu Filho | Estória para não embalar

Mère et fils © Bénédite Topuz
© Bénédite Topuz

Escrito para o Photsoc, Festival Internacional da Fotografia social de Sarcelles, 2012, inspirado pela fotografia de Bénédite Topuz
Publicado no livro Pour une poignées de rêves pela editora L'ivre-Book (2013)


MEU FILHO

Por Jo Ann von Haff



A minha vida não mudou quando nasceste, ela mudou quando li o sinal positivo no teste de gravidez, mudou quando as análises de sangue confirmaram o meu estado, a tua vinda. Durante meses, todo o meu amor, todos os meus pensamentos e toda a minha energia foram dirigidos a ti. Meu filho.

No dia que o médico diagnosticou a tua trisomia, os meus olhos encheram-se de lágrimas, o meu coração partiu-se como se fosse vidro. Tive medo. Tanto medo. Mas não deixei de te amar, nunca deixei de pensa rem ti. Mas tive medo por ti. Como é que crescerias? Será que os teus colegas de turma seriam bondosos para contigo? Como é que eu poderia ajudar-te a avançar na vida?

Hoje tenho essas respostas.

És grande, agora, queres ser independente. Não é fácil todos os dias, choras às vezes. As pessoas têm medo de quem é diferente, não fazem esforço algum. Dizem que és diferente, mas não te dão sequer a oportunidade de te expressar. Olham-te como uma criança sem te deixar a chance de mostrar que és mais do que o teu cromosoma. Mesmo quando tiveres quarenta anos, serás para eles uma criança. Acham que não realizarás nada, ignoram o que vales. Dizem-te muitas coisas, nada agradáveis. Dói-te, não compreendes porque são tão duros para contigo. Será que não és como os outros? Será que te mentimos?

Não.

Tu és uma criança, sim, mas a minha criança. O que eles não sabem, meu filho, é que és um homem como eles todos, com sonhos, projetos, realizações. O que eles não sabem, é que podes fazer tudo. Podes ir longe. E irás longe. Não deixarei ninguém fazer pouco de ti, fazer-te acreditar que não poderás fazer o que quer que seja. Os obstáculos encontram-se nas suas mentalidades estreitas, não na tua. Tens o mundo aos teus pés. O céu é o limite.

Serás que quiseres ser, meu filho.